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O Mito da Multitarefa

  • 11 DE June DE 2021
  • Ricardo Missel
  • Artigos

Imagem: Freepik / jcomp

O contexto de incertezas e vulnerabilidade é uma realidade para a maioria das organizações. Novos concorrentes, globalização, novas tecnologias, startups e vários outros atores e fatores nos tornam cada vez mais preocupados com o nosso desempenho. A sensação de que nosso trabalho não é suficiente ou poderia ser melhor ou mais produtivo é uma constante.

Vivemos em uma sociedade que acredita que a multitarefa é um dom. Chamamos de multitarefa as pessoas que procuram realizar duas ou mais tarefas no trabalho ao mesmo tempo, o que as tornaria mais produtivas e, num contexto que prima por resultados e desempenho, aparentemente melhores profissionais.

Esse conceito teve origem na IBM na década de 1960, para fazer referência aos computadores que poderiam processar mais de uma atividade ao mesmo tempo. Por alguma razão, que deve ter tido origem na 1ª Revolução Industrial, se acreditou que as pessoas poderiam copiar as máquinas. Já no século XXI, muitas pesquisas procuraram validar essa ideia e chegaram a seguinte conclusão: nós, humanos, não temos capacidade de processar/realizar/monitorar duas tarefas ao mesmo tempo. O que nós conseguimos é aumentar a velocidade da transição da atenção entre uma tarefa e outra.

É claro que essa habilidade é benéfica e pode ter um impacto positivo em diversas situações. Porém, a verdade é que essa alternância de tarefas pode elevar em até 40% o tempo necessário para realizá-la (dados de uma pesquisa da American Psychological Association). Ou seja, ao acreditar que estamos sendo mais produtivos por realizar mais de uma tarefa em paralelo, na verdade estamos perdendo tempo no momento em que nosso cérebro precisa se adaptar para transição de tarefa, período esse em que não estamos produzindo.

Além disso, um comportamento muito comum das pessoas que trabalham com a crença da multitarefa é a falta de disciplina e facilidade de perda de foco. Esse tipo de profissional tende a desenvolver trabalhos com menor qualidade (já que desvia o foco da atividade muitas vezes) e pode perder prazos em função do acúmulo de tarefas e o baixo planejamento para assumi-las. Talvez essa não seja uma realidade distante do seu dia a dia. Somos constantemente provocados pelo contexto (colegas, celular, e-mail, alertas, etc.) a deixar nossas atividades para realizar outras ou acumular responsabilidades sem planejamento.

Reflita sobre um dia do seu trabalho e registre a quantidade de atividades que você realiza em um intervalo de 8 horas (ou do tempo de um dia que você dedica trabalhando). Observe a quantidade de atividades e a alternância entre elas. Organizar tanto a quantidade quanto a alternância de tarefas com o objetivo de reduzi-las é um exercício bem simples e poderoso.

Procure reduzir o número de tarefas que você realiza no mesmo dia, aumentando o tempo dedicado exclusivamente a cada uma delas, consequentemente, reduzindo o número de alternâncias (troca de tarefas). Essa á uma forma bem simples de ganhar tempo, aumentar sua produtividade e eliminar o mito da multitarefa.